quarta-feira, 29 de junho de 2011

Juízo final


Fantástico - (26/06/2011)
'Eles não são uma família', diz juiz de Goiás que mandou anular casamento gay

No calor das discussões civis, o Brasil se vê no centro de uma guerra de ideais. De um lado, os homossexuais que estão hoje no direito de se casar, do outro lado, as várias interpretações da lei brasileira. A União Homoafetiva é a maior conquista do movimento GLBTS, hoje eles também podem constituir uma família. Recentemente um juiz em Goiás teve a ousadia de anular um casamento gay, o que causou revolta e indignação em várias pessoas. Para o juiz Jeronymo Villas Boas, o casamento gay não é uma instiuição familiar, já que não gera prole. Não se pode dizer que ele está errado, ele apenas interpreta a lei brasileira. O Fantástico deste domingo foi atrás deste juíz, e procurou saber os motivos de tal atitude.

A revista eletrônica que está há mais tempo no ar, 38 anos, carrega consigo a necessidade e a obrigatoriedade de levar ao público aquilo que é de interesse dele. Entretanto, a discussão jornalística dos dias de hoje é saber se o público tem algum interesse, ou apenas se interessa pelo que é repassado à ele. O Fantástico sempre trouxe assuntos que geram comoção popular, pelo menos um por semana, por deveras ocasiões a investigação realizada pela equipe do programa causou consequencias imediatas para quem era denunciado. Mas desta vez não existe uma investigação, eticamente falando, o programa se isentou de quaisquer formar ilegais de conseguir a notícia, como câmera escondida, gravações ou grampos ilegais e forjamento de situações. Logo no começo da notícia, o repórter surpreende o entrevistado com uma pergunta um tanto quanto corajosa: "O senhor é homofóbico"? É claro que a resposta seria um "não", afinal, publicamente ninguém tem preconceitos. Mas a pergunta só foi usada para causar um desconforto, pela instituição de uma ironia para quem acompanhava a matéria de sua casa.

O programa sempre carregou o melodrama em suas matérias de cunhos sociais, não é atoa que de 1973 a 1975 o autor e escritor Manoel Carlos era o diretor do Fantástico. Nesta matéria não podia ser diferente, os editores resolveram divulgar que Jeronymo é também pastor da Assembléia de Deus, tentando assim encontrar um provável vilão para a história. Mas se preocupou em também expor a fala do juíz, em que garante já ter feitos decisões contrárias à sua própria igreja. O Fantástico quer causar comoção social, instigar nos telespectadores o sentimento de transformação antropológica. Mas o repórter não desistiu de fazer do juíz o vilão da sua matéria. Foram atrás daqueles que pudessem intimidá-lo de alguma forma. Foram atrás do Ministro do Supremo Tribunal Federal, para por fim (no sentido de "ao final da matéria", última voz, palavra final) concluir aquilo que todos queriam ouvir, a atitude de Jeronymo é uma afronta ao Supremo (ou à sociedade?) e pode acarretar punições por parte de seus superiores. A manipulação da notícia não contou com invenções ou meios ilegais de obter a informação: a manipulação aqui estava na direção do matéria, o encaminhamento desejado para que a grande novela "Jeronymo x Brasil" tivesse sua data de estreia.

No Youtube:
http://youtu.be/3hCCkcjoL1Q


No Twitter:
@Hikamaral É engraçado que a tantas coisas para Juízes banalizarem, como o caso desse site Horrendo e chocante, e não! vão preocupar com Casamento gay.
@rafitchi não apoia o casamento gay?não se case com um gay. não gosta de cigarro? não fume. não gosta de tatuagens? não faça. vai cuidar da sua vida
@silvanabit Juiz que suspendeu casamento gay não quis dar entrevista ao Popular. Disse que falará amanhã em coletiva. Hoje deu entrevista ao Fantástico
@chrislps “Sou totalmente a favor do casamento gay entre os políticos. Tudo que venha contribuir para eles não se reproduzirem..é bom para o Brasil.”
@adriene_melo Goiânia se destacando no Fantástico de hoje com a matéria sobre o juiz que anulou o casamento gay. Villas Boas é mesmo carne de pescoço.

Leandro Sena

Onlinezando

A Liga - (28/06/2011)
O mundo Web

Até que enfim um assunto realmente polêmico. Mamilos! Mamilos são polêmicos. Calma, não é nada disso que você está pensando. Isso aqui continua sendo uma crítica ao programa A Liga, mas desta vez com um tom mais online, para os navegantes de plantão. resolveram tratar de um assunto que hoje não tem limites. A internet está no seu computador, seu notebook, tablets, celular, iPad's... Você pode acessar de casa, do trabalho, da rua, da praia...



A equipe do programa foi atrás daqueles que fazem sucesso na internet, que trocaram seus minutos de fama, por milhões de acessos. É simples entender esta troca, no mundo web, quanto mais click, melhor! Rafinha Bastos, Thaíde, Debora e Sophia apresentaram ao público brasileiro os tão famosos da internet, Cid Não Salvo, Leandro MussumAlive, Pc Siqueira e muitos outros anônimos sociais espalhados por aí. Anônimos sociais em teoria, porque Bruno, o famoso Garoto Mamilos já teve quase 1 milhão e meio de acessos. Matematicamente ele seria conhecido por quase metade da população de Belo Horizonte. Muito, para apenas 20 segundos de vídeo no Youtube.

A internet se tornou o mal necessário para a população brasileira. Hoje, a nossa média é de 45h por mês na internet. Isso é um dado amplo e geral, com certeza você passa 45h em uma semana. No Brasil a internet se tornou o maior veículo de comunicação entre pessoas, a distância é algo que não impede o contato. A Liga buscou de forma isenta, e descontraída, mostrar o desnecessário mundo da necessária internet. Pessoas como o Pc Siqueira que sentiram a internet pequena demais para o talento e hoje faz parte do elenco da MTV.

O programa desta vez não propôs um debate social para transformações econômicas na administração pública, ou implementar uma campanha contra usuários de drogas. O tratamento dado ao tema foi pensado para quem produz o tema, jovens e interessados na famosa cultura Geek. Todos os repórteres foram atrás dos sucessos onlines, conviveram com eles. Rafinha Bastos passeou com Vitinho Sou Foda, que ficou conhecido graças ao Não Salvo, o blog do Cid. O Não Salvo possui uma média de 250 mil acessos por dia. Nem em sua cidade essa população existiria, né?!


A realização desta matéria só foi concluída graças ao integrante nerd da equipe. Poucas pessoas sabem, mas Rafinha Bastos é um amante da internet. Assim como todo brasileiro. E o nosso desnecessário necessário vício na web faz com que o Brasil registre a informação de que 90% dos usuários da internet tenham contas em alguma rede social. O programa se preocupou em destacar que são nessas redes sociais que os famosos virais se espalham e transformam os anônimos em estrelas da websfera.


Um pequeno deslize na imparcialidade ou na criação da pauta. O programa focou demais no meio cômico da internet, entretando há um equívoco no tweet acima. O programa foi gravado antes da Banda Mais Bonita da Cidade bombar na web com o clip de "Oração". A gravação aconteceu na época da YouPix, o maior Festival Nerd do Brasil, realizado em São Paulo. Entretanto, é sempre válido reafirmar que houve a despreocupação em mostrar pessoas que usaram a internet para um lado mais beneficente e social.

Mas A Liga cumpriu com seu papel principal em fazer com que o público reflita. Eles só conseguem transmitir a real emoção da notícia ao conviver com ela, ultrapassando as barreiras do distanciamento entre sujeitos e transformando essa relação em elemento fundamental para a realização do programa. Parabéns, A Liga e toda equipe pela iniciativa.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Felicidade: antes ou depois do "sim"?

Profissão Repórter - (21/06/2011)
Casamentos

Casamento. O final feliz dos contos de fadas. Nem sempre. O Profissão Repórter mostrou, em seu episódio sobre matrimônios, três casos que, se não fosse o fator da união entre homem e mulher, não teriam mais nada para se ligar. Um casamento no Paquistão, arranjado, onde a noiva, sem conhecer o futuro esposo, sofre com a separação forçada de um antigo namoro escondido. As bodas de ouro de um casal, primos de segundo grau, em uma cidade que praticamente todos têm algum parentesco. O enlace que partiu da internet. Três que prendem o telespectador e emocionam mais pela felicidade do que pela tristeza.

O primeiro caso retrata um casamento arranjado no Paquistão. Fato curioso é que, a repórter que entrevista é amiga da noiva. Logo no início, Caco Barcellos questiona sobre quem prevaleceu na reportagem e, tem como resposta, aquilo que seria até um tanto óbvio: "A jornalista levou a amiga na bagagem". Entretanto, percebemos que a intervenção da jornalista na cerimônia acaba por ser mínima, perdendo força frente aos costumes muçulmanos. São quatro dias de casamento, onde, apenas no terceiro, o marido vai para a casa com a esposa.


 

Neste ponto do programa há uma reviravolta que tira o norte e deixa a pergunta no ar: a felicidade traz o casamento ou é o casamento que traz a felicidade? Há espaço até mesmo para pensar se a felicidade é um estado breve. Mas o que o programa busca, neste episódio, é deixar claro que tudo, para todos, vai acabar bem.

E para continuar bem, os focas vão atrás de uma história inusitada. Uma comemoração de 50 anos de casados em uma cidade onde quase todo mundo é parente entre si. A história fica boa de se ver quando, mostrado o casal, tem-se a clara certeza da felicidade após 50 anos lado-a-lado. Neste ponto do programa, a interação entre entrevistado e entrevistador aumenta e a emoção fica por conta da simplicidade.

Por fim, o programa busca fazer uma contraposição ao "velho", apresentando um casamento que teve início na internet. A idéia é aproximar o episódio da realidade de milhares de brasileiros que buscam um par em redes sociais direcionadas. Assim, o Profissão Repórter dá credibilidade e entra, novamente, em muitas casas do país. É importante ressaltar que o programa consegue, neste episódio, apresentar o velho e o novo e o distante e o próximo, em um mesmo tempo.




Desta forma, nada é melhor do que um beijo para encerrar o programa, metaforizando, de forma imagética, um "felizes para sempre".

No Youtube: